Casa ou apartamento?

Um dos investimentos mais importantes que um novo imigrante - e também os canadenses - fazem por aqui é a compra de uma casa, ou apartamento. Não apenas por causa do custo do investimento, como por todos os detalhes que ele envolve, não apenas no momento da compra como também na hora de manter o patrimônio. Mas como decidir se vale mais a pena comprar uma casa ou apartamento?

Não vou entrar em detalhes sobre o processo da compra em si, que já foi tão bem explicado pelo Gean em seu blog. Vou apenas mostrar minha opinião sobre a escolha de uma casa ou de um apartamento, no momento da compra de sua propriedade. Na verdade, não sei o que é melhor para você. Aliás, só mesmo você pode saber a resposta para a pergunta acima, uma vez que a decisão deve levar em conta uma série de opções e preferências pessoais.

Você quer ter um quintal ou se contenta em ter um parque público por perto? Se prefere o quintal, lembre-se que vai precisar gastar tempo (ou dinheiro, ou os dois) para mantê-lo. No verão a grama cresce a uma velocidade absurda, no outono as folhas caem idem (e você precisa removê-las para que não apodreçam em cima de sua grama), e no inverno o problema fica por conta de limpar a entrada de sua casa. Em um apartamento você não precisa se preocupar com isso, mas provavelmente terá que pagar uma taxa de condomínio para que a entrada e jardins do prédio onde mora sejam cuidadas pela equipe de manutenção contratada para o local.

Você quer tranqüilidade para viajar sem precisar pedir para que vizinhos simulem sua presença e recolham sua correspondência durante o tempo que permanecer fora? Feche a porta de seu apartamento e as chances serão grandes de ninguém notar que você saiu da cidade. Você prefere ter um canto só seu, com mais privacidade e sem medo de ter um vizinho de cima ou do lado muito barulhento? Casa (desde que, claro, não seja uma das casas geminadas muito comuns por aqui, onde você divide um ou dois lados de sua residência com o vizinho "de parede".

Impostos, localização e preço também contribuem na decisão. De forma geral, em uma mesma região as casas acabam pagando mais imposto por causa de seu maior valor (e maior espaço interno). Você tem uma determinada quantia de dinheiro e prefere morar em um apartamento menor mais perto de seu trabalho, ou em uma casa maior mais longe? Há escolas por perto, para o caso de você ter um filho? E creches? As escolas e creches têm programas conjuntos que permitem que a criança fique o dia inteiro aos cuidados de um e de outro estabelecimento (a não ser que alguém em sua casa esteja disponível para ficar com as crianças durante parte do dia, já que menores de 12 anos não podem ficar sozinhos em casa)?

Você vai ter tempo de fazer a limpeza de uma casa maior? Você não quer ter que esperar elevador para chegar ao seu apartamento no 21o. andar? Você quer uma vista que somente um apartamento em andar elevado pode proporcionar ou acha que pra esse negócio de vista você pode subir na CN Tower? Você não gasta muita eletricidade e água e não quer pagar uma taxa de condomínio que já inclui esses dois itens (pois nesse caso estaria pagando pelo gasto dos outros moradores do prédio), ou gasta acima da média e teme que suas contas em casa superem a taxa do condomínio?

Essas e muitas outras perguntas precisam ser muito bem avaliadas antes de qualquer decisão. Um dos itens pode ser de vital importância para você, outro nem tanto. Pesquise, visite, pergunte. Escolha um agente imobiliário de sua confiança e encha o saco dele. Não se preocupe, ele não vai ganhar um centavo de você. Somente o vendedor do imóvel é que paga comissão.

Separe alguns dias ou fins de semana e visite várias propriedades em todas as áreas que estiver considerando para morar. Pese as vantagens e desvantagens, converse com os moradores e veja todas as facilidades e serviços que cada área oferece. Depois disso tudo, você com certeza vai estar mais confiante e tranqüilo de estar fazendo a coisa certa.

Boa sorte.

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Cidadãos canadenses

Um grupo de novos cidadãos canadenses participou hoje de uma cerimônia especial em Ottawa, marcando os 60 anos da instituição da cidadania canadense. Tudo começou pouco depois da Segunda Guerra Mundial, em 1947, quando políticos locais disseram que era preciso criar algo que deixasse claro que os canadenses tinham seu conjunto de valores próprios e mereciam uma cidadania específica sua.

Antes disso, mesmo depois da formação da Confederação Canadense, os cidadãos do país eram considerados súditos do governo britânico. Quando viu o túmulo de soldados canadenses mortos durante a guerra, Paul Martin Sr. (pai do ex-primeiro-ministro Paul Martin, que deixou o poder antes do atual governo de Stephen Harper) tomou para si a iniciativa de fazer algo para mudar esse quadro. Segundo ele, não era certo que soldados que morreram pelo Canadá fossem designados como súditos britânicos.

Curiosamente, a rainha da Inglaterra também é reconhecida como rainha do Canadá, mas o Canadá agora é considerado em condições de igualdade com a Grã-Bretanha, e não como subordinado.

Os novos imigrantes do país também podem requisitar sua cidadania canadense depois de três anos em terras geladas.

- Clique aqui para saber mais sobre a cidadania canadense.

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Cadê minha calçada?

Toda vez que neva um pouco mais é assim. As equipes de remoção de neve saem às ruas com uma única missão: limpar o caminho para os carros, ônibus, caminhões e demais veículos que possam querer utilizar as vias de trânsito da cidade. No centro e principais ruas e avenidas, outra equipe também se encarrega de limpar as calçadas e/ou juntar a neve em caminhões para levá-la para depósitos nos arredores da cidade.

Porém, em áreas mais afastadas do centro, o cuidado não é tão grande. A prioridade continua sendo tirar a neve das ruas, mas não se dá muita atenção ao que acontece fora dessas vias. Ao invés de recolher a neve em caminhões, é muito mais fácil simplesmente empurrá-la da rua pra calçada. Como pouca gente anda pelas calçadas nesses locais, às vezes não se justifica o investimento em uma equipe que passe por esses locais limpando a neve deixada pelos tratores que a tiraram da rua.

Ou seja, se você - como eu - precisa andar por essas calçadas, coloque sua bota mais protegida que vai até a coxa e comece a "andar" pelo quase um metro de neve que está no chão. Sabe aquelas cenas do explorador andando pelo meio do Ártico, com neve até a cintura. Foi quase essa a cena que vivi esta manhã ao descer de meu ônibus, a cerca de dois quarteirões de distância do meu trabalho nos arredores de Toronto. Como ontem nevou quase 15cm, a quantidade de neve acumulada nas ruas que foi jogada pra calçada dava quase um metro mesmo.

Ainda bem que estava preparado, e até que não foi tão bom fazer esse exercício para começar o dia. E com isso nem senti muito o frio de -28C (com sensação térmica) que fazia no momento. Se eles não limparem a calçada, acho que posso até cancelar a academia.

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Daddy's Day Care

Cena comum no Canadá. O casal trabalha de segunda a sexta, em horário integral, e não tem com quem deixar o(s) filho(s). Muitos não têm família por perto, ou se têm, não se sentem à vontade de pedir que o avô, avó, tio, tia, cuide dos pequenos. A escola só começa a partir dos quatro anos, e mesmo assim em meio período, o que exigiria que um dos pais ou familiares estivesse disponível para cuidar dos pequenos no restante do dia. Babá não é coisa muito comum por estas bandas, e mesmo que fosse, a contratação de uma em tempo integral - em situação legal - não seria tão barata (sem contar a questão de confiança).

Para onde correr? Como fazer? Ora, escolha uma creche perto de sua casa ou trabalho e deixe seu filho lá para que ele possa se enturmar com outras crianças da região, aprender o idioma e outras coisas novas e interessantes. Há várias creches disponíveis na maioria das cidades, sendo que algumas oferecem ainda a ajuda do governo para pagamento parcial ou total da mensalidade, dependendo da condição financeira dos pais. Uma solução mais comum por aqui do que neve em fevereiro.

Porém, os pais de cerca de duas mil crianças se viram em apuros esta semana em Montreal, depois que funcionários de creches locais decidiram entrar em greve. Isso mesmo, sem esses funcionários, os pais tiveram que se virar para arrumar um jeito alternativo para cuidar de suas crianças. Seja na casa de amigos, parentes ou então em casa mesmo, com um dos dois pais faltando ao trabalho. Me fez lembrar do filme do Eddie Murphy, onde ele resolve abrir uma creche em casa depois que perde o emprego. Já pensou se algum dos pais se oferece para tomar conta dos coleguinhas de seu filho durante a greve?

Os funcionários não estão contentes com mudanças em seus contratos e a contratação de ajudantes menos qualificados que tomam conta das crianças durante os intervalos dos funcionários regulares e o cochilo (olha ele aí de novo) dos pequenos após o almoço. A greve deve durar até amanhã, e se o impasse continuar, pode acontecer de novo até o fim do mês.

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Dá licença que vou tirar um cochilo

Vou ter que mostrar essa notícia pro meu chefe. Pesquisadores gregos afirmam que dormir após o almoço - ou seja, fazer a famosa 'siesta' - reduz a chance de a pessoa ter alguma doença cardíaca. Isso vale principalmente para os homens, segundo os pesquisadores, já que não foram incluídas mulheres em número suficiente no estudo. A pesquisa da Universidade de Atenas acompanhou quase 25 mil pessoas durante 6 anos. Quem tirava um cochilo de meia hora ou mais pelo menos 3 vezes por semana teve um risco 37% menor de morrer de um ataque cardíaco ou outra doença do coração. Os médicos ainda não sabem a razão por trás desse benefício da soneca vespertina, mas desconfiam que uma siesta possa ajudar a relaxar e desestressar, dando uma folga para o coração no meio do dia. Será que meu chefe concorda em colocar umas camas e sofás no meio do escritório pro pessoal dormir um pouco depois do almoço?

- Veja mais sobre esse estudo no site da CBC.

Revoltante

Uma coisa me abateu muito nesta semana. Muitos devem ter lido, visto ou ouvido sobre a história da criança que foi morta no Rio de Janeiro ao ser arrastada presa ao cinto de segurança de um carro roubado por ladrões. Para quem tem filhos, fica uma sensação muito ruim, e grande, de revolta e tristeza. É inevitável pensar que poderia acontecer com qualquer um, e impensável saber o que os pais da criança devem estar sentindo (e egoísmo à parte, espero nunca precisar sentir algo assim). Os problemas e razões que levaram a uma situação assim são vários, mas é revoltante ver isso acontecendo no país da gente, mesmo à distância.

Fácil falar, pode pensar alguém, pois estou fora do país. Sei que muitos podem me achar um covarde por ter decidido abandonar a realidade brasileira sem ter feito mais para mudá-la. Às vezes me pergunto se não poderia mesmo ter feito um pouco mais e continuado no Brasil. Infelizmente há um limite para tudo, até para otimismo. Não conseguia ver muitas perspectivas de mudança para o país em curto prazo, por uma série de razões locais e nacionais. Mesmo assim, estava disposto a continuar tentando.

Mas o mundo dá voltas e logo me vi casado, com um filho pequeno, vivendo em meio a essa realidade. Sem acreditar que o local oferecia as melhores condições para o crescimento de meu filho (não apenas por causa da violência, mas também por outras questões ligadas à estrutura da sociedade, comportamento das autoridades, etc), decidi sair. Sim, posso ser um covarde. Mas gosto do sentimento de andar na rua com - certa - tranqüilidade. Principalmente com meu filho ao meu lado.

Em tempo, sei que não estamos imunes à violência ou acontecimentos desagradáveis nestas bandas do norte. Mas acredito que estatisticamente as chances de sermos vítimas desses males por aqui são razoavelmente menores.

Enquanto isso, fica a revolta de ver situações como a vivida semana passada por esta família no Rio se repetindo, mudando apenas as personagens, local e forma como acontecem. Quando será que chegará a gota d´água que fará a sociedade inteira dizer que chega?

De volta

Eita que sumi de verdade nesses quase dois meses que não passava por aqui. Mas estou de volta, depois de uma epopéia na viagem ao Brasil com aeroportos caóticos no fim do ano - que todo mundo já deve estar cansado de saber - e muito trabalho na volta ao Canadá - ueba!

Sim, ainda não tenho nada específico para contar por aqui, mas queria dar sinal de vida. Que 2007 seja ótimo para todos vocês.