Revoltante
Uma coisa me abateu muito nesta semana. Muitos devem ter lido, visto ou ouvido sobre a história da criança que foi morta no Rio de Janeiro ao ser arrastada presa ao cinto de segurança de um carro roubado por ladrões. Para quem tem filhos, fica uma sensação muito ruim, e grande, de revolta e tristeza. É inevitável pensar que poderia acontecer com qualquer um, e impensável saber o que os pais da criança devem estar sentindo (e egoísmo à parte, espero nunca precisar sentir algo assim). Os problemas e razões que levaram a uma situação assim são vários, mas é revoltante ver isso acontecendo no país da gente, mesmo à distância.
Fácil falar, pode pensar alguém, pois estou fora do país. Sei que muitos podem me achar um covarde por ter decidido abandonar a realidade brasileira sem ter feito mais para mudá-la. Às vezes me pergunto se não poderia mesmo ter feito um pouco mais e continuado no Brasil. Infelizmente há um limite para tudo, até para otimismo. Não conseguia ver muitas perspectivas de mudança para o país em curto prazo, por uma série de razões locais e nacionais. Mesmo assim, estava disposto a continuar tentando.
Mas o mundo dá voltas e logo me vi casado, com um filho pequeno, vivendo em meio a essa realidade. Sem acreditar que o local oferecia as melhores condições para o crescimento de meu filho (não apenas por causa da violência, mas também por outras questões ligadas à estrutura da sociedade, comportamento das autoridades, etc), decidi sair. Sim, posso ser um covarde. Mas gosto do sentimento de andar na rua com - certa - tranqüilidade. Principalmente com meu filho ao meu lado.
Em tempo, sei que não estamos imunes à violência ou acontecimentos desagradáveis nestas bandas do norte. Mas acredito que estatisticamente as chances de sermos vítimas desses males por aqui são razoavelmente menores.
Enquanto isso, fica a revolta de ver situações como a vivida semana passada por esta família no Rio se repetindo, mudando apenas as personagens, local e forma como acontecem. Quando será que chegará a gota d´água que fará a sociedade inteira dizer que chega?
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