Se alguém roubar sua loja, fique quieto

Tem coisa que parece que saiu direto de um filme de Hollywood. No último sábado, o dono de uma loja no bairro de Chinatown aqui em Toronto saiu correndo atrás de um homem depois de identificá-lo como o ladrão que havia roubado cerca de $60 em plantas de sua loja na manhã daquele dia. Segundo o lojista, o homem estava em uma bicicleta e levou as plantas, que estavam expostas do lado de fora da loja. Ao confrontar o mesmo homem mais tarde no mesmo dia, o dono da loja e mais dois empregados se viram em meio a uma perseguição a pé atrás do suspeito, que largou sua bicicleta e também saiu correndo. O ladrão foi alcançado, e depois de uma pequena briga, rendido e amarrado pelas mãos e pés. O dono da loja então colocou o homem em uma van e chamou a polícia. Quando a polícia chegou, prendeu não apenas o suposto ladrão, como também o vendedor e seus empregados, sob acusação de agressão e seqüestro. E o que é pior: o suposto ladrão foi solto ao pagar uma fiança de $1000. O dono da loja? Solto depois de pagar fiança de $7500. Não é à toa que outros lojistas da região e consumidores estão revoltados com a polícia e com o tratamento dado pela justiça ao caso até aqui. Afinal, se a polícia não está presente para evitar coisas desse tipo, será que os vendedores não podem fazer nada a não ser ficar chorando suas pitangas? O vendedor não matou, atirou ou fez justiça com as próprias mãos como um vigilante dos filmes americanos, apenas imobilizou o suposto ladrão como pode e CHAMOU a polícia para lidar com o caso. Depois não apenas pagou uma multa muito maior que a do suposto ladrão, como teve que aguentar ameaças vindas do filho deste, que apareceu na mesma loja ontem, reclamando que o pai apanhou (tadinho, ele só estava roubando, precisava bater nele?). Mais detalhes desta inacreditável história no Toronto Star de hoje.

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Nome afeta chances de emprego

Quer que seu filho tenha boas chances de emprego quando crescer aqui no Canadá? Então melhor chamá-lo de John, Robert, Peter, Mary, Jane ou Elizabeth. Ou algum outro nome em inglês. Segundo um novo estudo realizado pela Universidade de British Columbia, pessoas com nomes anglófonos tem 40% mais chances de serem chamados para uma entrevista de emprego que pessoas com nomes estrangeiros, como chineses, indianos e paquistaneses. Ou seja, apenas comprova o que muitos imigrantes já desconfiavam. Não importa a formação e a experiência fora do país, alguns imigrantes tem real dificuldade de serem chamados para uma entrevista - e mais ainda de conseguirem um emprego sem a chamada experiência canadense. Segundo o site canada.com (http://www.canada.com/Business/anglo+names+barrier+hunters+Study/1613611/story.html), teve gente mudando até sobrenome e conseguindo muito mais retorno aos currículos enviados para entrevistas de emprego. Um homem com sobrenome Mustafa, por exemplo, mudou esse nome pra Martin e começou a ser chamado para entrevistas às quais não tinha acesso anteriormente. E aí, que tal trocar seu nome de Pedro pra Peter e de Silva pra Smith? Será que chamam o Peter Smith mais vezes que o Pedro Silva?

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Racismo no Canadá

Uma nova pesquisa realizada pela Universidade de Toronto mostra que muitos imigrantes não se sentem inseridos na sociedade canadense, mesmo depois de alguns anos por aqui. E pior, esse sentimento de não fazer parte da sociedade geralmente está ligado à cor da pele da pessoa. O fator parece ser mais significativo que outras diferenças culturais ou de religião, e derruba a noção que muitos possam ter sobre o Canadá como país multicultural que aceita bem todos os imigrantes. O Toronto Star traz uma matéria com mais informação sobre o assunto em sua edição de hoje.

Claro que muita gente aqui não tem ou exibe preconceito contra imigrantes. Afinal, isso é considerado crime. Mas a realidade é bem diferente para algumas pessoas visivelmente membros de uma minoria racial, que sofrem preconceito velado ou mesmo aberto. Infelizmente, noções racistas e de superioridade racial estão presentes em qualquer lugar do mundo, seja qual for o nível de desenvolvimento geral do país. Alguns países podem ser piores que outros nesse sentido, claro, mas nunca se está livre de algo assim.

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Até aonde vai a liberdade?

Até onde vai a liberdade em uma democracia? Será que ser livre não exige a imposição de certos limites? Afinal, como podem ser todos livres se a liberdade de um começar a interferir na liberdade dos outros?

Pois é isso que está acontecendo aqui em Toronto estes dias. Revoltados com a situação no Sri Lanka, seu país de origem, a minoria Tamil vem realizando uma série de protestos na cidade (e em outros pontos do mundo) nos últimos meses. Querem chamar a atenção para as dificuldades que vem enfrentando diante do governo no Sri Lanka.

O ato de protestar em si não tem nada de errado. Pacíficos, os manifestantes querem apenas chamar a atenção do governo para que a pressão internacional possa forçar o governo do Sri Lanka a mudar sua atitude em relação ao povo Tamil. Inclusive, muitos dos manifestantes são cidadãos canadenses que apóiam a causa ou vem daquele país. Ou seja, nada demais realizar um protesto pacífico em um país democrático como o Canadá.

Porém, as manifestações vem sendo marcadas por um severo desrespeito às leis e determinações das autoridades, que tentam organizar as manifestações para que a população em geral (que normalmente não tem nada a ver com o objetivo das manifestações) não sofra desnecessariamente. Bloqueios a ruas causaram um grande transtorno no centro de Toronto em algumas ocasiões nos últimos meses, mas neste domingo os manifestantes se superaram. Simplesmente bloquearam por sete horas a Gardiner, uma autopista que corta o sul do centro de Toronto de leste a oeste, próximo ao lago Ontario.

Quem estava na estrada não tinha como sair, e ficou preso durante esse tempo todo enquanto a polícia tentava calmamente remover os manifestantes, sem muito sucesso. Com mulheres, bebês e carrinhos de criança, os manifestantes simplesmente julgaram que sua liberdade de expressão e desejo de chamar a atenção para uma questão realmente importante passava por cima do direito dos outros de irem e virem, ou de simplesmente voltar pra casa depois de comemorar o dia das Mães.

Se queriam chamar a atenção, conseguiram. Mas também atraíram a antipatia de muita gente para sua causa. A meu ver, abusaram da sua liberdade ao interferir com a dos outros.

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Polícia aperta o cerco contra bêbados no volante

Ish, o título do post ficou parecendo manchete de notícias populares. Mas a verdade é que a polícia em Ontario está mais exigente agora quando faz o teste do bafômetro com motoristas embriagados. A partir de hoje, se uma pessoa for pega com um nível de álcool no sangue entre 50 e 80 miligramas de álcool por 100 mililitros de sangue, sua carteira será suspensa por três dias, mesmo que seja a primeira vez que a pessoa comete essa infração. Uma segunda infração nesse sentido resulta em suspensão de uma semana e a obrigação de passar por um curso de reciclagem. Na terceira vez, o motorista alegrinho tem a carteira suspensa por um mês e pode se ver obrigado a dirigir carros com um bafômetro embutido para liberar a partida do motor, por um prazo de seis meses. Ah sim, e o motorista infrator ainda tem que pagar uma multa de $150 cada vez que for pego dirigindo com essa concetração de álcool no sangue.

Antes da nova lei entrar em vigor, quem fosse pego nessa faixa de intoxicação só tinha a carteira retida por 12 horas, mesmo que cometesse a infração várias vezes.

O nível máximo de álcool no sangue permitido aos motoristas em Ontario continua sendo de 0.08. Acima disso, as punições são ainda mais severas que as indicadas acima pra faixa entre 0.05 e 0.08, e incluem multas a partir de $1000, suspensão da carteira por pelo menos um ano. A lista completa das penalidades está aqui.

Por essas e outras, mais seguro mesmo é o velho slogan: se beber não dirija. Se for dirigir, não beba.

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