Quinze minutos
Me atrasei hoje na ida ao trabalho. Quinze minutos. Que diferença. As pessoas no caminho para a estação de metrô eram outras. Natural, outras rotinas, outros horários. Eles em seu espaço habitual, eu invadindo uma hora que não me pertencia. Mas muito mais do que isso, esses quinze minutos mostraram quase uma realidade alternativa que eu desconhecia. Ao invés dos tradicionais engravatados e afins, mulheres de tailleur e salto alto, me deparei com estudantes, muitas mochilas e tênis. Risos e conversa mais alta, aliados a bocejos adolescentes de muito sono e preguiça.
A média de idade no metrô deve ser pelo menos quinze anos mais baixa nesse mundo quinze minutos atrasado. E cada vagão deve carregar no mínimo quinze pessoas a menos a essa hora, tamanho o espaço livre a mais que tinha a meu redor. A viagem, infelizmente, não levou quinze minutos a menos, e eu ainda cheguei quinze minutos depois do que deveria no trabalho.
Com isso, saí quinze minutos depois da hora para compensar o atraso. Mas nessa volta pra casa a diferença de horário não compensou. Quinze pessoas a mais por vagão, quinze vezes mais pessoas mal-humoradas, cansadas, desgastadas. Talvez o mundo dos quinze minutos atrasado de manhã volte pra casa quinze minutos mais cedo de tarde. Será que meu chefe aceita um novo horário com meia hora a menos?
Marcadores: atraso, cotidiano, metrô, Toronto, trabalho, transporte público
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