Ressaca amarela

Estive em Brasília agora em janeiro e um dos assuntos do momento na capital federal era o aumento do número de casos de febre amarela na região (DF e Goiás). Com isso, várias pessoas corriam pros postos de vacinação atrás da vacina contra a doença, transmitida por um mosquito.

Como a vacina tem validade de 10 anos e eu tinha tomado minha última dose em 2001, não precisei me vacinar de novo. Mas meu tio Paulo, que já tinha tomado há mais de dez anos, foi vacinar-se em um dos domingos que estive por lá. A enfermeira do posto de saúde pegou a carteira de vacinação dele, não perguntou mais nada e tascou a vacina. Não deu nem bom dia, nem boa tarde, e meu tio voltou pra casa.

Bem, mas acontece que domingo também é dia tradicional de churrasco em vários pontos de Brasília. E churrasco chama cerveja (ou outras bebidas alcóolicas), naturalmente. Meu tio, que não é pinguço profissional mas também não passa vergonha na mesa de bar, voltou do posto de vacinação e já começou a esquentar os tamborins, entornando várias latinhas do precioso líquido dourado. Acostumado com o halterocopismo, há muito deixara de sofrer com os efeitos que o consumo excessivo do álcool costuma afligir aos menos treinados algumas horas após a atividade. Ou seja, normalmente não tem ressaca, apesar de ficar (bem) alto por causa da bebedeira. Depois do churrasco, deu aquele "soninho" tradicional no sujeito, que desabou na rede.

Lá pelas sete da noite, escuto um urro vindo da direção da rede. Era o tio reclamando de uma baita dor de cabeça, que não o deixava sequer abrir os olhos. Conversa vai, conversa vem, ele confessa que a única coisa diferente que tinha feito naquele dia era ter tomado a vacina contra febre amarela. Minha tia (mulher do tio Paulo) começa então a rir da cara dele, dizendo que ele não podia ter misturado álcool com a vacina. Ele disse que a mulher do posto não falou nada, e que inclusive tinha lido no jornal que não tinha problema nenhum tomar álcool depois da vacina.

No dia seguinte, voltou ao posto pra reclamar com a mulher, mas encontrou outra enfermeira. Contou o ocorrido e a enfermeira não pôde deixar de rir um pouco também. Explicou que realmente não havia problema nenhum em beber álcool no dia em que se toma a vacina. Quer dizer, pelo menos não tem nada de errado pra vacina. A vacina não perde sua eficácia, e funciona do mesmo jeito em bêbados ou sóbrios. Mas o sujeito que se excede na bebida em um prazo de 24 horas depois de ser vacinado provavelmente terá a maior ressaca de sua vida. Depois dessa - e depois que o efeito da ressaca tinha passado, claro - meu tio teve até que dar risada também. Tinha sobrevivido a uma verdadeira ressaca amarela!

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Pirâmide do bem

Lembra daqueles emails mirabolantes que prometem te deixar rico se você mandar um real pra algumas pessoas, que vão passar um real pra outras e no fim da corrente você ganha aquilo que gastou multiplicado por mil de outras pessoas que aderiram ao esquema depois? Tá mais que provado que não dá certo, era um dos primeiros spams de que se tem notícia, existindo mesmo antes da invenção da Internet.

O outro dia um amigo meu me deu um toque de um esquema semelhante. Mas não é pra ficar rico, e sim para ajudar os outros. E talvez por causa disso possa até funcionar. É mais ou menos assim: deixe de tomar um cafezinho na rua um dia por semana. Se não toma café, deixe de comprar um lanche, um chocolatinho, um salgadinho qualquer ou outra besteira que às vezes compramos sem nem nos darmos conta direito. Calculando por baixo aqui no caso do Canadá, um café na rua sai por uns $1,50. Não vai ser a falta de um café por semana que vai te matar, meu chapa.

Não ceda a tentação de gastar esse dinheiro que você conseguir economizar. Separe ele em alguma gaveta e não tire ele de lá por nada. Se você fizer isso uma vez por semana, ao final do ano vai ter $78. Nada mal, hein?

Pois é, depois do fim do ano, ou na época de Natal, pegue esse dinheiro e dê pra alguém que precisa mais que você. Se não quiser dar pra alguém em específico, escolha uma daquelas instituições que mencionei em outro post há pouco (no Canadá) ou doe pra alguma organização no Brasil. Conte pra seus amigos e colegas e tente convencê-los a fazer o mesmo. Às vezes nem precisa ser pra conhecido. Se tiver um blog, como este aqui, coloque a idéia por lá e veja se alguém gosta dela. Se pelo menos duas pessoas aderirem à ideia, você já vai ter $234 ao fim do ano. Ulha!

E isso levando-se em conta só um café por semana. Se você gosta de sair, tente tomar uma cervejinha a menos durante o happy hour e coloque essa economia na gaveta também. Se bobear, bebendo menos voce ainda vai economizar um dinheiro do Engov, que também pode ir pra gaveta. E por aí vai. Não precisa ser nada radical, só uma economia de nada que pra você de repente não faz tanta diferença, mas que somando todo mundo pode dar um dinheirão.

Eu comecei minha gaveta no começo do ano e já tou com 15 pilas. Assim, sem muito esforço. Além do meu colega que me deu o toque, outras quatro pessoas lá do trabalho também aderiram, e já têm uns $10 em média (ou seja, não é nada não é nada já são quase uns 80 dólares entre seis pessoas, em menos de um mês). Se mantivermos a média chegaremos ao fim de 2008 com quase mil dólares. Beleza pura.

E aí, vamos tentar? Se alguém gostou da idéia e resolver aderir, dá um toque aí nos comentários.

Dead dog walking

Voce já viu cachorro no corredor da morte? Não? Pois em Mississauga - cidade vizinha a Toronto - tem um filhote de pit-bull nessa condição. O Toronto Star deu em matéria de capa hoje que o pequeno cão esta com seus dias contados, mesmo sem ter feito nada de errado. Tudo porque uma lei de 2005 proíbe a criação de bichos da raça na cidade. Os animais nascidos antes da entrada em vigor da lei se salvaram, mas aqueles que nasceram depois dela são sacrificados pelas autoridades.

O cachorro que está agora esperando a hora de partir para uma melhor chama-se Rambo, tem 10 meses, e cometeu a tolice de fugir de casa na época do Natal. A carrocinha viu, prendeu e não devolveu pra dona, que ainda vai ser processada por criar um animal proibido.

A esperança dela agora é provar, até o dia do julgamento de seu recurso, em fevereiro, que o cão não é pit-bull coisa nenhuma. Se conseguir provar isso, o cachorro volta pra casa. Como estamos perto do Carnaval, será que ele não consegue uma fantasia de poodle pra se livrar dessa?

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Ajuda online

Hoje em dia é muito fácil comprar livros, CDs ou até mesmo passagens aéreas, roupas e computadores pela Internet. A pessoa vai lá, escolhe o que quer, põe no seu carrinho de compras e paga com o cartão de crédito, boleto bancário ou débito em conta, e depois só espera a compra chegar pelo correio (ou nem isso, para coisas que podem ser baixadas pelo computador, como músicas e filmes) ou impressas (como ingressos para cinema, shows e passagens de avião).

Não é à toa que um pessoal aqui do Canadá resolveu então criar uma espécie de loja online para quem quer ajudar instituicoes de caridade mas não tem tempo (ou paciência) para descobrir quais as instituições que existem perto de sua casa. No Canada Helps é possível ver uma lista com todas as instituições consideradas de caridade no Canadá (e aí entram ONGs ambientais como o WWF, hospitais, etc) e fazer uma doação sem sair de casa. O site cobra uma taxa de administração (uns 3% do valor da doação) para cobrir os custos com operações financeiras e transfere todo o restante do dinheiro para a instituição escolhida pelo doador.

Você pode navegar pelo site e escolher a instituição com base na área de atuação, província ou então pesquisar diretamente pelo nome. São 80 mil instituições listadas, com base em uma lista oferecida pela Receita Federal canadense, que registra quais as organizações desse tipo no país.

Prático, conveniente, e bom pra todo mundo, desde as organizações que recebem o dinheiro até o doador que não precisa se esforçar muito para saber que está ajudando alguém. Ah, e o doador ainda recebe um recibo que pode ser usado para abater o valor da doação do imposto de renda (para quem vive no Canadá).

Ninguém se habilita a criar um site assim pro Brasil não?

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Bom 2008

Depois de mais um sumiço volto a dar as caras por aqui já quase no fim de janeiro. Só mesmo pra desejar um atrasadíssimo Feliz 2008, com muitas alegrias pra todos e muita saúde.

Um grande abraço.