Ajudar não custa nada

Uma empresa está fazendo uma campanha interessante aqui na América do Norte, para ajudar nas pesquisas contra a Aids. Cada vez que alguém vai ao site da campanha Light to Unite e acende uma velinha na página de abertura, a empresa se compromete a doar $1 para ajudar nessas pesquisas contra a doença. Lembro de campanhas semelhantes em outros sites no Brasil (Click Árvore, Click Fome), mas ainda não tinha visto a iniciativa por aqui. Eles já arrecadaram quase 200 mil dólares. Vale a visita. Se puder, acenda também sua vela por lá e divulgue para seus amigos e conhecidos. Não custa nada além de um instante para visitar o site e arrastar o fósforo virtual para acender a velinha.

Leite de fazenda?

Você procura o gostinho do verdadeiro leite de fazenda, sem conservantes, sem pasteurização, sem nada além do que a mãe natureza criou para ser consumido... por um bezerro? Bom, então vá procurar seu produto em outro lugar que não o Canadá. Quer dizer, pelo menos que não a província canadense de Ontário.

Um cidadão que vendia leite fresco sem pasteurização em um ônibus adaptado se viu em apuros este mês quando recebeu a visita da polícia e da Vigilância Sanitária, que confiscou todo seu equipamento. Afinal, a venda de leite sem pasteurização é proibida por estas bandas. O fazendeiro alega que o leite sem tratamento é mais nutritivo, e ajuda inclusive a melhorar o sistema imunológico de quem o consome. As autoridades não querem nem saber, e dizem que esse tipo de leite pode é aumentar o risco de transmissão de algumas bactérias nocivas que poderiam causar problemas de saúde nos consumidores.

O fazendeiro e seus clientes protestaram e não adiantou. Ele então começou uma greve de fome, limitando-se a consumir água e um copo de leite (não-pasteurizado, claro) por dia. Eles alegam que alguns estados americanos e países europeus têm leis específicas que regulamentam, mas não proíbem, a comercialização do leite não-pasteurizado.

Pessoalmente acho que o comércio deve ser liberado, com um controle rigoroso que garante um mínimo de qualidade do produto. E os consumidores devem ser alertados de que estão comprando um leite não-pasteurizado, e quais os benefícios e riscos normalmente associados ao seu consumo, para que possam então decidir qual produto desejam consumir.

- Veja mais sobre o problema, nesta matéria do Toronto Star.

Que viagem!

Você está em casa tranqüilamente com a janela aberta, lendo um livro ou assistindo a tevê, quando sente um cheiro vindo de fora que lembra aquelas festas ou shows de rock esfumaçados da adolescência e juventude. Alguém está fumando um baseado, você pensa, rapidamente voltando ao que estava fazendo sem se importunar muito com a diversão alheia. Você se mudou faz pouco pra esse prédio, e pensa que se trata de um acontecimento casual, sem muita importância ou conseqüência.

Uns dias depois, ao chegar em casa vê seu prédio cercado de policiais, cordões de isolamento etc e tal. Você pode pensar que houve um acidente, um assalto ou até mesmo um assassinato. Mas nunca, nem em sonho, poderia imaginar a razão para tamanha concentração do aparato policial na entrada do seu prédio. Você pergunta, ouve a resposta, e pergunta de novo, incrédulo. Os policias contam que mais da metade do seu prédio era na verdade uma fazenda. Não uma fazenda que cria porcos, bois e galinhas, nem uma que plante arroz, feijão ou batata. Essa fazenda, lhe dizem as autoridades, tinha uma plantação de milhares de pés de uma erva proibida. Ali, em uma rua qualquer da maior metrópole canadense, seis milhões de dólares em drogas ocupavam nada menos que 22 apartamentos. Por isso é que o aluguel era tão barato, você ainda tem tempo de pensar, antes de ser levado para questionamentos pela polícia, mesmo sem ter idéia de quem ocupava os apartamentos rurais nem nunca ter passado perto deles.

Essa história, que mais parece roteiro de filme B, aconteceu de verdade aqui em Toronto. A polícia descobriu uma mega-operação de plantio de droga que se extendia por 22 apartamentos de um prédio de 13 andares na região do cruzamento entre as ruas Jane a Sheppard, em North York. Tudo bem que a região não é das melhores e muita coisa acontece por lá, mas ninguém acreditou quando viu a audácia dos traficantes nesse caso. Duas pessoas foram presas. Maluquice total.

Você precisa mesmo disso tudo?

Acontece amanhã mais uma edição do "Dia sem Compras", ou Buy Nothing Day, promovido pela organização canadense Adbusters. O movimento tem a intenção de mostrar para as pessoas - ou apenas lembrá-las - que o nível de consumo nos países desenvolvidos chegou a um patamar simplesmente insano. Ainda mais nesta época do ano, o comércio e a indústria não fazem outra coisa a não ser mostrar seus últimos lançamentos na tentativa de convencer o consumidor que a felicidade pode ser alcançada pela compra desses produtos.

Realmente, será que é tão difícil assim passar 24 horas sem comprar nada? Claro que se estivermos com fome e nossa geladeira vazia, não pensaremos duas vezes antes de ir para o supermercado ou passar em um restaurante. Se nossa calça rasgar em pleno expediente, vamos tratar de procurar uma loja por perto para comprar uma substituta, ainda que temporária. Mas será que realmente precisamos comprar aquele aparelho de som, TV, bolsa ou roupa da última moda?

A intenção, claro, não é a de simplesmente ficar essas 24 horas sem fazer compras. Deve-se ir além, e passar a pensar sobre todo o hábito de consumo da sociedade moderna, um modelo que já mostrou ser impraticável a longo prazo. Pense um pouco da próxima vez que sentir a vontade "irresistível" de comprar alguma coisa. Você realmente precisa dela ou será apenas mais um bem supérfluo que lhe trará satisfação momentânea, mas não muito mais que isso?

Como diz o pessoal da Adbusters, ninguém nasceu com a simples missão de vir ao mundo para comprar e consumir. Não se deixe enganar pelos publicitários. A felicidade não está no consumo.

A nação de Québec

Pois é, quem diria que um dia isso ia acontecer. O primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, disse ontem, em alto e bom som pra quem quisesse ouvir no Parlamento, que a província de Québec "é uma nação dentro de um Canadá unido." A declaração foi feita mais como uma forma de destacar a singularidade e condição especial da província francófona dentro da Confederação canadense. Algo como o reconhecimento que se trata de uma comunidade especial, sem necessariamente indicar que se trata de uma entidade legal que funciona com um país separado. Mas a escolha de palavras foi importante para destacar aquilo que ninguém pode negar: em geral Québec é, sim, diferente do restante do Canadá, por suas inúmeras características únicas que fazem da província um lugar único na América do Norte.

Ao fazer sua declaração, Harper quis atrair a simpatia dos eleitores de Québec, e ao mesmo tempo frustrar uma intenção do Partido Québecois de fazer uma declaração similar antes - já se especulava nos bastidores que isso ia acontecer em breve. Só que o partido não perdeu tempo e hoje já lançou uma emenda à sugestão de Harper, dizendo que Québec é, na verdade, uma nação "atualmente dentro do Canadá." Diferenças sutis de semântica que fazem toda a diferença nesta eterna luta - pacífica, em grande parte - da província garantir seu lugar e reconhecimento sobre seus valores dentro da sociedade canadense.

Só espero que a mudança em terminologia não volte a alimentar desejos separatistas dentro da província. Na década de 90, um virtual empate técnico impediu a separação de Québec durante um referendo no qual 50,5% dos eleitores na província decidiram permanecer na Confederação canadense, contra 49,5% que queriam a separação. Como esse movimento dos separatistas volta e meia resolve aparecer de novo e sugerir novo referendo, fico torcendo para que não se aproveitem desta mudança formal para alimentarem novamente seu movimento. Afinal, a meu ver uma eventual separação poderia ser prejudicial não apenas para o Canadá como um todo, mas também para a própria província. Vamos só ver que bicho vai dar.

Imposto de renda mais justo

Ainda me lembro de quando, há alguns anos atrás, recebi um aumento de salário que classifiquei de "aumento de grego". No melhor estilo "presente de grego", o tal aumento fez com que minha renda diminuísse. Eita beleza! Tratava-se de um aumento não muito significativo, que me colocava um pouquinho acima do limite para que passasse a pagar imposto de renda pela alíquota mais alta no Brasil, na época 27,5%. Depois de tudo descontado na fonte, sobrava menos dinheiro do que antes, quando tinha salário bruto menor, mas imposto menor também. Ridículo!

No Canadá, o imposto de renda também é cobrado com alíquotas diferenciadas dependendo da renda total da pessoa. A pessoa precisa pagar um valor para o governo federal e outro para a província. Normalmente quem é assalariado tem o imposto já descontado em fonte, como ocorre em muitos casos no Brasil. Mas há algumas diferenças importantes, que não deixam que a situação que vivi no passado no Brasil se repeta por aqui.

Em 2006 o imposto a pagar para o governo federal, por quem ganha até $36378 por ano é de 15,25%. Entre $36378 e $72756 a alíquota é de 22%. Se a pessoa ganhasse ainda mais, os próximos níveis de alíquota federal seriam 26% entre $72756 e $118825 e 29% acima disso.

Ou seja, se alguém ganha $38378, deve pagar ao governo federal 15,25% sobre os primeiros $36378 ganhos (ou $5547,65) mais 22% sobre os $2000 excedentes (mais $440). No total, essa pessoa pagaria ao governo federal $5987,65.

Se fosse em um sistema como no Brasil, onde a pessoa paga uma alíquota única sobre todo o valor ganho se passar de determinado patamar, a pessoa teria que pagar 22% sobre o total de $38378. Ou seja, pagaria $8433,16 ao governo federal, ou $2455,51 a mais do que precisa pagar no modelo adotado aqui.

Os impostos das províncias variam de caso para caso, mas em Ontário a alíquota é de 6,05% para os primeiros $34758 tributáveis, 9,15% para os próximos $34759 e 11,16% para o que vier depois disso. No nosso caso acima, a pessoa pagaria 6,05% em cima de $34758 ($2102,86) e 9,15% em cima dos $3620 restantes ($331,23), para um total de $2434,09. Somado ao imposto federal, desembolsaria $8421,74 de imposto, ficando com uma renda líquida de $29956,26 depois do bruto de $38378 (ou aproximadamente 21,94% de imposto total). Nada mal.

O governo federal ainda está acenando com mudanças que poderão ajudar casais onde um dos dois cônjuges ganhar muito mais que o outro. Se o marido ganha $22000 por ano e a mulher $50000, por exemplo, ela tem que pagar o valor que passa de $36378 na aliquota de 22%. Com a mudança, os dois poderão somar seus salários e dividir o valor obtido por dois. Ou seja, somando-se os dois salários teríamos $72000, ou $36000 para cada um, integralmente na faixa dos 15,25% para os dois. A economia, neste caso, seria de $919,46 para o casal. Quase mil dólares a mais para gastarem como quiserem.

Ah, apenas para deixar claro que não sou nenhum contador, e há várias outras variáveis que podem influenciar o imposto a ser pago, deduções, exceções e etc. Queria ilustrar aqui apenas a mecânica geral usada pelo sistema tributário em relação ao imposto de renda, que a meu ver é mais justo por aqui. Para saber mais sobre os impostos daqui, vale uma visita à "Receita Federal" canadense, a Canada Revenue Agency. Boa sorte!

Contradição

Imaginem que eu estivesse querendo abrir uma lanchonete. Com certeza iria precisar de cozinheiros, pessoas para atender o público no caixa, outras para limparem a louça, a cozinha, os banheiros, mesas e chão do estabelecimento. Talvez alguém para fazer a entrega dos lanches na casa dos clientes. Bom, para que meu negócio tivesse a chance de dar algum lucro, eu provavelmente não poderia pagar salários muito altos para meus empregados, já que vários outros custos provavelmente consumiriam grande parte da receita gerada pela venda dos lanches.

Até aí, tudo bem. Mas digamos ainda que eu não quisesse simplesmente contratar qualquer pessoa para trabalhar em minhas lanchonetes. Ao invés disso, iria dar preferência a pessoas com formação superior, talvez com até mais do que um diploma universitário. Talvez a motivação deles fosse um problema, mas pelo menos teria a certeza de que eles provavelmente não teriam dificuldade de aprender as instruções que recebessem para fazer seu trabalho adequadamente.

Provavelmente eu não conseguiria encontrar trabalhadores com essa qualificação dispostos a fazer esse tipo de trabalho. A não ser, talvez, que estivesse no Canadá.

Sim, este país de primeiro mundo têm várias coisas boas e oferece inúmeras oportunidades para os imigrantes que desembarcam aos milhares anualmente por aqui. Mas, para algumas profissões, simplesmente exige um caminho muito tortuoso, demorado e caro para aquelas pessoas vindas de outros países que desejam exercer a mesma profissão ou carreira quando desembarcam por aqui. Torna-se comum então encontrar médicos, advogados ou engenheiros exercendo funções como lavadores de prato, faxineiros ou motoristas de táxi. Nada contra essas profissões, mas as pessoas que as estão exercendo muitas vezes o estão fazendo por total falta de opção, já que sua primeira escolha talvez fosse a de continuar na carreira de sua formação em seus países de origem.

O sistema de imigração canadense tem uma contradição básica em relação ao processo de seleção e a integração dos novos imigrantes à nova vida quando desembarcam por aqui. A seleção leva em conta todos os diplomas, cursos e experiência profissional do candidato a imigrante, dando assim preferência a pessoas com mais educação e mais experiência em suas áreas de atuação. Ao chegar ao Canadá, no entanto, essas credenciais muitas vezes não são aceitas por empregadores, que exigem que o imigrante refaça seus estudos quase que inteiramente antes de receber uma oportunidade em nível inicial de carreira. Todo o processo leva anos, e muitas vezes os novos imigrantes não dispõem do luxo de tempo e dinheiro suficiente para estudar sem receber nenhum salário para custear sua nova - e cara - vida no país de adoção. Com isso, acabam optando por empregos que não exigem qualificação específica, com exigências muitas vezes bem abaixo da formação que possuem.

Claro que isso não é regra para todos, apenas uma realidade que se aplica a muitos que desembarcam por aqui, dependendo da profissão, empregador, experiência e uma série de fatores.

Mas o fato é relativamente sério, a ponto de políticos canadenses finalmente terem notado que precisam fazer algo para tentar acabar, ou pelo menos reduzir, essa contradição. O Partido Conservador, atualmente no poder, está sugerindo a adoção de algumas medidas para tentar atingir esse objetivo. Uma delas seria criar parcerias entre universidades de diferentes países para facilitar o processo de equivalência, antes que os imigrantes chegassem ao Canadá. O governo também estuda a possibilidade de gastar mais com aulas de inglês para novos imigrantes e financiar bolsas para treinamento de profissionais para que estes se adequem às exigências do mercado daqui. Além disso, o sistema de pontos da imigração pode mudar, passando a valorizar profissões que não tenham exigência de formação universitária mas que possam estar em demanda no Canadá (como encanadores ou pedreiros). E até agilizar o processo de imigrantes com habilidades específicas que estejam em demanda, desde que eles estejam dispostos a estabelecer-se fora da área metropolitana de Toronto, por exemplo, onde o número de imigrantes é maior.

Claro que só o tempo vai dizer quais - se alguma - das medidas realmente vai ser adotada. Mas essa disposição de reconhecer publicamente o problema e tentar iniciar o trabalho para resolvê-lo sem dúvida é um ótimo primeiro passo. Vamos ver como serão os passos seguintes.

- Veja mais detalhes sobre as sugestões do Partido Conservador em matéria do Toronto Star.

Inflação dá nisso

Não se pode dizer que o Canadá seja um país onde a inflação dita a vida das pessoas, como acontecia no Brasil até meados da década passada. Mas nem por isso o país está totalmente imune aos seus efeitos. Quase que anualmente, por exemplo, os correios canadenses (Canada Post) aumentam o preço da postagem mínima para envio de cartas simples dentro do país. Ano passado esse valor era de 50 centavos de dólar, este ano está em 51 centavos e no ano que vem vai pra 52.

Nada de mais em valores financeiros, claro. Mas uma chateação pra quem compra mais selos do que precisa e se vê tendo que completar a postagem com selos de um centavo, pra não perder o selo de anos anteriores. Se mandar a carta com a postagem insuficiente - ainda que por causa de apenas um centavo - não há dúvida. Ela volta para o remetente, sem choro nem vela.

Pois bem. Tentando reduzir esse problema, o Canada Post anunciou que vai lançar um selo permanente, sem valor impresso nele. No lugar do valor, um simples "P" indicará que se trata do selo simples permanente para envio de correspondências domésticas. Não importa quando tenha sido comprado, sempre será o suficiente para o envio. Com isso as pessoas - e principalmente algumas empresas - podem comprar seus selos com antecedência sem se preocupar se todos serão usados antes de um eventual reajuste.

Ótimo pra quem gosta de se planejar com antecedência. De quebra, uma economia para os próprios correios, que devem reduzir a impressão de selos de um centavo. No ano passado, por exemplo, foram impressos 60 milhões de selos nessa denominação. A economia não deve ser lá muy grande, mas qualquer coisa já é qualquer coisa. E se facilita a vida do cidadão, melhor ainda.

Negoção da China

É batata. Você vai a uma loja, compra um produto um pouquinho mais caro, e na hora de pagar o vendedor vem perguntar: "Quer levar a nossa magnífica hiper-super-extra-mega mil garantia por três anos, por apenas $30?". Não importa que o preço da mercadoria que você está levando é apenas um pouco mais que isso, uns $50. Eles sempre colocam a oferta como imperdível, e muitas vezes você pode até se surpreender pensando se vale a pena ou não comprar a tal garantia.

Mas eis que uma pesquisa de uma revista daqui mostrou o que todo mundo já desconfiava. Essas garantias são um belo negócio... pro vendedor. Tirando um ou dois produtos cujo conserto ficaria muito acima do custo das tais garantias, os demais produtos pesquisados em geral não quebram durante o período coberto pela garantia, e quando o fazem seu conserto custa menos que a dita cuja.

Claro que a revista não leva em conta o poder supremo de Murphy. Por meio de sua indefectível lei, seu produto eletrônico não vai estragar nunca se você comprar a garantia super-hiper da loja. Quer dizer, vai estragar no dia seguinte ao vencimento da validade da mesma. Mas isso não significa que você não deve comprar a garantia. Se não comprá-la, o produto novo estraga tão logo você o ligue na tomada.

Por via das dúvidas, acho que vou fazer como o povo daqui e pagar pela garantia nos produtos mais caros. Mesmo que seja só pra não me preocupar com meus aparelhos eletrônicos novos pelos próximos três ou quatro anos. Afinal, essa tranqüilidade também tem seu preço.

Muita disposição

Foram realizadas nesta segunda-feira, em Ontario, as eleições municipais para eleger prefeitos e membros das assembléias legislativas locais. Em Mississauga, cidade colada a Toronto, os eleitores não quiseram saber de mudança, e reelegeram a veteraníssima prefeita Hazel McCallion pela décima vez, para um décimo-primeiro mandato. Aos 85 anos, McCallion deve ter 89 anos e oito meses quando terminar seu novo mandato, em dezembro de 2010. Mas ela ainda não descarta concorrer novamente. Será que quer chegar aos 100 anos no poder? Que vitalidade!

Enquanto isso, o prefeito de Toronto, David Miller, foi reeleito mais por falta de opção do que qualquer outra coisa. Parecia a recente eleição brasileira, na qual Lula se safou de todo o escândalo de seu primeiro mandato e conseguiu nova aprovação. Não que o prefeito daqui estivesse envolvido em um escândalo à la PT. Longe disso, mesmo porque por muito menos o eleitorado canadense já retirou seus mandatários do poder antes. Mas ele não chegou a fazer um primeiro mandato muito forte, e mesmo assim conseguiu a aprovação de cerca de 330 mil eleitores, ou 57% do eleitorado no pleito desta segunda. A segunda colocada, Jane Pitfield, teve apenas 32%, enquanto o terceiro Stephen Ledrew ficou com 1,38%. O último lugar foi Mark State, com 194 votos (talvez todos de amigos e parentes).

O curioso é que Miller não cumpriu grande parte das promessas que fizera em sua primeira eleição, mas mesmo assim ganhou uma segunda chance. Talvez por não ter feito besteira também. Não à toa, um dos jornais semanais grátis daqui defendia sua reeleição dizendo que, pelo menos, ele não tinha sido tão ruim quanto outros prefeitos anteriores, mas sem citar grandes conquistas de seus quase quatro anos no poder. Resta saber se Miller vai conseguir aproveitar essa segunda chance, e fazer algo que o faça ser lembrado como algo mais do que alguém que não fez - muita - besteira.

Remembrance Day

Neste sábado comemora-se o Remembrance Day aqui no Canadá. É o dia de lembrar e homenagear os soldados canadenses mortos na Primeira e Segunda Guerras Mundiais, além da Guerra da Coréia. Originalmente o dia era chamado de Dia do Armistício, e comemorava o fim da Primeira Guerra Mundial às 11h do dia 11 de novembro (o 11º mês do ano).

Amanhã, às 11h da manhã, os canadenses em todo o país homenageiam mais uma vez todos esses "heróis de guerra" que deram sua vida pelo que acreditavam ser o melhor para o país, e assim ajudaram a garantir o Canadá como ele é hoje. Sabe-se lá o que poderia ter acontecido se o desfecho da Primeira Guerra, ou principalmente da Segunda, tivesse sido diferente.

Tomara que lembrar dos que morreram nas guerras sirva não somente para homenagear os que já foram, mas também para impedir que outros precisem ir no futuro.