TV brasileira

Como quase todos os brasileiros no Canadá (ou vindo pra cá) já devem estar sabendo, a Rede Globo começou a transmitir seu sinal para estas bandas na semana passada. Pelo menos é o que ocorre em Ontario, com o pacote digital da Rogers. Não sei o caso das outras províncias ou preovedores de serviço. Até o final de março essa transmissão será gratuita na Rogers, mas depois disso deve passar a ser (bem) paga.

A programação da Globo, para grande parte das pessoas que saíram do país, nunca foi grande coisa e nem despertou grandes amores. Porém, ao ficar um tempo fora do seu país, é natural que a pessoa passe a sentir saudades das coisas boas que ficaram para trás, da família e algumas referências filtradas com o tempo de forma a criar uma lembrança distorcida, freqüentemente melhor que a verdade. Pois assistir um canal de televisão brasileiro enquanto se está nessa situação acaba por satisfazer duplamente o exilado.

Primeiramente, serve para matar saudades de coisas que antes passavam desapercebidas ou eram simplesmente aceitas sem se pensar muito nisso. Uma novela, um jogo de futebol com narração em português, um desfile de carnaval (que por sinal está chegando). Ao mesmo tempo, os jornais mostram muitos dos problemas e fatos do cotidiano do país que jamais chegam a ser manchete em uma publicação canadense ou americana, servindo assim para dar uma polida nas recordações que se tinha do país e, em muitos casos, renovar o sentimento que fez a pessoa deixá-lo inicialmente. Para quem pode, é uma boa oportunidade então de assistir um pouco da TV do Brasil mesmo estando longe, refletindo ou simplesmente relaxando e curtindo mais essa opção no universo de canais que a atual tecnologia oferece. Só não vale ficar se lamentando ao ver a previsão do tempo pro Nordeste em pleno inverno canadense.

Segundo aumento em um ano

Não teve jeito. A partir de abril, o transporte público em Toronto vai custar mais caro. É o segundo aumento em um ano, já que as tarifas tinham aumentado em abril passado. Quem quiser pagar em dinheiro pela passagem vai ter que gastar $2.75 ao invés dos $2.50 atuais. Se preferir comprar passes vendidos em grupos de 5 ou 10 vai pagar $2.10 e não os atuais $2.00. Finalmente, se optar pelo passe mensal vai gastar $1 a mais, ou seja, $99.75.

A cidade até que aumentou a verba destinada ao transporte público este ano, mas como houve um aumento ainda maior no número de pessoas usando o sistema de transporte da TTC (Toronto Transit Commission), foi preciso aumentar as tarifas. Ou isso ou então haveria corte no número de ônibus e rotas, o que prejudicaria ainda mais o serviço que já dá problemas em algumas linhas, por conta desse aumento de pessoas utilizando o transporte público. Só espero que não vire uma rotina anual.

Escândalo do gelo

Com vocês, a versão norte-americana do recente escândalo do apito brasileiro. Como já disse por aqui, o hóquei no gelo é o esporte nacional do canadense. Esta semana o esporte sofreu um grande golpe ao ser divulgado que um ex-jogador, atual assistente técnico da principal liga profissional norte-americana (a NHL) está envolvido em um esquema de apostas ilegais. Mais: vários jogadores também apostariam com o bando que comanda essas apostas. E a mulher de Wayne Gretzky, o Pelé do hóquei, também teve seu nome citado nas investigações. Pelo menos até aqui não provaram que as apostas envolviam jogos de hóquei (somente outros esportes norte-americanos), mas mesmo assim trata-se um de um choque às vésperas dos Jogos Olímpicos de Inverno, que começam no fim de semana. Muita coisa ainda pode ir parar no ventilador...

Travou tudo

Esta manhã um problema forçou o fechamento de uma das linhas do metrô de Toronto por uma hora. Trabalhadores que estavam em túneis próximos a uma estação inalaram gases potencialmente tóxicos durante uma operação rotineira de limpeza e precisaram ser levados para um hospital, aparentemente sem maior gravidade. Por via das dúvidas a linha do metrô foi fechada por uma hora, logo no início da manhã quando muita gente usa esse meio de transporte para ir ao trabalho. Desnecessário dizer que foi uma grande confusão, com ônibus sendo usados para transportar os passageiros que não podiam contar com seu método tradicional de deslocamento. Mas já tá tudo bem...

Mal começou e já vem as críticas

O novo primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, mal tomou posse nesta segunda-feira e já começou a ouvir críticas a seu recém-empossado gabinete. Apesar do reconhecimento de que acertou em várias nomeações, Harper está sendo questionado com relação a alguns nomes, como o ministro de Obras Públicas, Michael Fortier, e de Comércio Exterior, David Emerson. Fortier sequer é membro da Casa dos Comuns, a Câmara dos Deputados daqui, e Emerson era do partido Liberal até semana passada. Mais que isso, era o Ministro da Indústria do governo anterior.

Nada que nunca tenha acontecido antes, mas ficou um pouco estranho essas nomeações acontecerem logo depois das eleições. Ainda mais que Harper tinha dito que o Senado deveria ser eleito (e não nomeado como acontece hoje) e que jamais iria nomear alguém para o Senado só para colocá-lo posteriormente em seu gabinete. Mas foi justamente isso que fez com Fortier, ligado às duas últimas campanhas dos conservadores e que dá ao partido alguém da importante cidade de Montreal no gabinete. Deve ter esquecido o que prometeu na campanha. Ou daqui a pouco fala que foi mal-interpretado. A política é assim mesmo.

Sem-Carro

Tirando alguns breves intervalos em minha vida, eu sempre tive a sorte de contar com um carro para me deslocar no Brasil. Mesmo sem gostar muito de dirigir, sabia que o uso do carro era a melhor opção para um deslocamento mais confiável em uma cidade como Brasília. Depender do transporte público tornava a vida muito mais difícil.

Em uma cidade como Toronto, um carro não é uma necessidade básica. Você pode muito bem se virar sem ele no centro e em várias partes um pouco mais afastadas. Um ótimo sistema integrado de transporte permite que, com um passe mensal, você possa se deslocar para quase qualquer ponto da cidade por metrô, ônibus e bonde. O custo de $98 por pessoa também fica bem abaixo do custo de compra e manutenção de automóvel (dinheiro inicialmente gasto para compra, mais depreciação, seguro e gasolina, sem contar manutenção preventiva anual e eventuais gastos de consertos). Pra quem não gosta de dirigir então, ainda alivia a tensão e permite que o tempo de deslocamento seja melhor empregado para outras atividades como ler um livro ou jornal (sem contar ver um filme ou programa de TV gravado nesses aparelhos modernos portateis que permitem isso). Claro que depende de cada um, mas para mim isso é uma vantagem.

E nas raras ocasiões em que um carro pode facilitar a vida neste contexto, como para uma compra maior ou ida a outra cidade, resta sempre a oportunidade de aluguel de carro ou táxi. No fim, ainda fica mais barato que ter um carro.